Orçamento e planejamento de Customer Success: Guia Completo

Orçamento

Se você é um líder de Customer Success, já deve ter passado pela situação de implorar por orçamento ao seu c-level, mesmo estando evidente que a falta de pessoas e ferramentas está prejudicando a experiência do cliente. Certo? 

Seus clientes já estão reclamando da incapacidade da sua operação, e você com certeza está com funcionários insatisfeitos no seu time.

Defender o aumento de orçamento é uma tarefa primordial de todo líder de sucesso do cliente, e como historicamente a função vem sendo subvalorizada, e por isso obter recursos até para se manter vem sendo uma batalha difícil no dia a dia desse profissional.  

Frases como “Não está em nosso orçamento”, “Estamos atrasados ​​em nossas projeções de vendas”, “ Você não pode ter mais CSMs”, “Você tem que se contentar com o que tem” são comumentes repetidas nessas ocasiões, por isso implementar modelos de planejamento e orçamento de sucesso do cliente é essencial para as lideranças de CS. 

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Indicadores de referência orçamentais: causam mais danos do que benefícios?

Os benchmarks são úteis porque mostram o que outras pessoas estão fazendo, embora comparar sua empresa com outras forneça uma indicação geral de seu desempenho, ela também cria expectativas irrealistas. 

Se você atua no setor de sucesso do cliente, provavelmente está familiarizado com estes benchmarks populares de indicadores de orçamento:

  • CSMs devem gerenciar entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões em receita recorrente anual (ARR);
  • Uma equipe de Customer Success deve custar de 5% a 15% da receita total dependendo da maturidade do produto;
  • Todas as equipes de suporte, incluindo o Customer Success, não devem custar mais do que 20% da receita total;
  • Equipes de serviços profissionais devem apresentar uma margem de 25% a 50% nos serviços que prestam;

Saiba mais: Benchmark de investimento: o que é e como funciona no mercado financeiro?

O problema dos benchmarks sem contexto

Você realmente não sabe o que está acontecendo dentro de outra empresa, e o que funciona para outra pessoa pode muito bem não funcionar para você. Porque não existem duas empresas exatamente iguais, nem as pessoas que as compõem. 

Para identificar se um benchmark é adequado para você, há muitos fatores a serem considerados, como: tamanho da sua empresa, do seu setor, maturidade do produto, missão, base de clientes, cultura organizacional, entre outras.

Por que os benchmarks geram conflito com o C-level

Apesar de muito valiosos, os benchmarks podem ser terríveis para a estratégia de orçamento, isso  porque os C-levels tendem a se fixar nos benchmarks que mais gostam, não alinhando com o que de fato está acontecendo dentro da sua operação. 

É necessário entender as perspectivas do seus C-levels sobre os benchmarks antes de começar a construir seu orçamento. Os profissionais de alta gestão estão sempre conversando com seus pares, pesquisando o mercado e lendo diversos relatórios do setor.

É útil entender quais suas crenças e preocupações, para que você possa posicionar bem sua estratégia e superar quaisquer objeções ou generalizações que sejam levantadas.

Benchmarks não são inimigos quando usados no contexto certo

Visto a tendência que os benchmarks têm para provocar conflitos, podemos afirmar que eles estão causando mais danos do que benefícios? Será que já é hora de você jogá-los ao vento e seguir seu próprio caminho? Não exatamente.

Os benchmarks representam os dados reais do setor, e embora possa diferir dos aspectos da sua organização, ainda é possível utilizar essas informações da forma correta. O benchmarks é seu amigo quando usado ​​com contexto. 

Saiba mais: Quantas contas um CS deve atender?

Modelos de orçamento em Customer Success

Ao longo deste artigo vamos demonstrar os modelos de orçamento diretamente ligados a benchmarks comuns no setor de CS, e já citamos acima. O primeiro é um padrão orçamentário bem conhecido, que consiste em contratar um Customer Success Manager para cada R$ 2 milhões em ARR. É comum que as empresas cheguem a essa média e façam acontecer, mas isso não funciona para todas as empresas e você precisa aprender a equilibrar isso com a jornada traçada para seus clientes.

Modelo 1: Análise top-down da proporção cliente/CSM

Antes de começarmos uma análise de cima para baixo e de baixo para cima, você precisará ter os seguintes dados em mãos:

Segmentos de clientes

  1. Receita por segmento
  2. Número de clientes por segmento

Ponto de contato/mapa de jornada do cliente

  1. Principais pontos de contato
  2. Tempo por ponto de contato por cliente

Para orientar você sobre como conduzir uma análise de cima para baixo, vamos usar um dos benchmarks de sucesso do cliente mais comuns atualmente: contratar um CSM para cada R$ 2 milhões em ARR.

Limitações da análise baseada apenas em receita

A orçamentação em termos de receitas por CSM pode causar problemas. Em vez disso, é mais interessante observar a carga de trabalho do CSM. Para a maioria das empresas, o equivalente mais próximo da carga de trabalho do CSM é o número de clientes por CSM.

ANÁLISE DE CIMA PARA BAIXO COM BASE NA CONTRATAÇÃO DE UM CSM PARA CADA R$ 2 MILHÕES EM ARR
Referência: receita por CSMR$ 2.000.000
Receita total no segmentoR$ 18.000.000
CSMs necessários9
Total de clientes no segmento720
Clientes por CSM80

Digamos que você decida que o valor de R$ 2 milhões por CSM é o que deseja usar. Você então pegaria a receita total do seu segmento (neste exemplo, são R$ 18 milhões) e a dividiria pela sua receita por CSM (R$ 2 milhões). Isso te fornece o número necessário de nove CSMs.

Em seguida, você pega o número total de clientes em seu segmento específico (neste exemplo é 720) e divide pela contagem de CSM necessária (9). Isso dá a você 80 clientes por CSM.

Lembre-se que este é apenas um exemplo, não existe um número mágico de clientes por CSM, cada empresa e cada segmento de clientes são únicos, e por isso o resultado será diferente para você

Top-down baseado em CSMs como % da receita

Se você deseja adotar uma abordagem diferente, veja como calcular clientes por CSM usando outra referência comum: a de que os CSMs devem representar 10% da receita.

ANÁLISE DE CIMA PARA BAIXO BASEADA EM CSMs COMO 10% DA RECEITA
Referência: porcentagem da receita10%
Rendimento totalR$ 18.000.000
Orçamento disponívelR$ 1.800.000
Custo médio de CSMR$ 180.000
CSMs disponíveis10
Total de clientes no segmento720
Clientes por CSM72

O exemplo apresenta um cálculo orçamentário no modelo top-down, que parte de uma receita de R$ 18 milhões para chegar a um investimento de R$ 1,8 milhão em Customer Success. Com esse valor, seria possível contratar 10 CSMs, considerando um custo médio anual de R$ 180 mil por profissional. Diante de uma base de 720 clientes, a média ficaria em 72 contas por CSM, um número inferior ao do exemplo anterior. 

O ponto central é que essa conta funciona como ponto de partida para a conversa com o time financeiro, e não como decisão final, já que outros fatores precisam ser considerados além do cálculo direto. O texto também ressalta que essa abordagem é mais simples do que o modelo bottom-up, que é explorado em seguida.

Saiba mais: Como fazer um orçamento de Customer Success assertivo

Como realizar uma análise bottom-up da proporção cliente/CSM

A jornada do cliente será a base para sua análise original. Antes de começar sua análise, pense em quais atividades e etapas compõem a jornada do cliente

A tabela abaixo mostra alguns pontos de contato comuns muito importantes para ter na sua jornada do cliente.

EXEMPLOS DE PONTOS DE CONTATO COM O CLIENTE
IntegraçãoAdoçãoExpansãoAdvocacia
Reunião de lançamentoSessão de treinamentoRevisão de negóciosSolicitação de referência
Chamada de descobertaRevisão do plano de sucessoEncontro mensalConvite de grupo de usuários
Reunião de definição de metasAnúncio do produto

Por que a jornada do cliente define o orçamento

Ao definir o orçamento de uma equipe de Customer Success, não basta atribuir aos CSMs a responsabilidade de manter os clientes satisfeitos. É fundamental compreender como o tempo do time é distribuído nas principais atividades e pontos de contato com os clientes. 

Esse nível de entendimento não significa microgestão ou falta de confiança, mas sim uma forma de tratar CS como uma área estratégica de geração de receita. Quando a operação consegue explicar com clareza como seus recursos são utilizados, fica mais fácil justificar investimentos, tomar decisões mais conscientes e estruturar um crescimento sustentável.

Como líder de Customer Success, você deve fazer o mesmo, e conhecer as atividades de sua equipe é como você chegará lá.

Pontos de contato regulares

Existem dois tipos principais de pontos de contato para os clientes, os regulares e os únicos. 

O primeiro que abordaremos é o ponto de contato regular, aquele que possui uma cadência recorrente. Um exemplo de ponto de contato regular é uma revisão trimestral de negócios.

CALCULANDO PONTOS DE CONTATO REGULARES
Reunião de definição de metas (semestral, 2 horas cada)0,33
Revisão do plano de sucesso (semestralmente, 2 horas cada)0,33
Avaliações de negócios (trimestralmente, 3 horas cada)1
Reunião mensal (mensalmente, 30 minutos cada)0,5
Anúncio do produto (trimestralmente, 15 minutos cada)0,08
Solicitação de referência (semestral, 15 minutos cada)0,04
Convite para grupo de usuários (trimestralmente, 15 minutos cada)0,08
Horas por cliente para pontos de contato regulares2,36

Depois de mapear os pontos de contato com o cliente, o próximo passo é analisar a frequência e o tempo dedicado a cada atividade ao longo do mês. Ao estimar, por exemplo, quanto tempo é gasto para preparar, conduzir e acompanhar uma revisão trimestral de negócios, torna-se possível entender o esforço real envolvido na entrega da jornada. 

Pontos de contato únicos

Esse tipo de cálculo ajuda a visualizar com mais clareza como o tempo do time é distribuído entre os clientes. Em geral, esse processo é simples para interações recorrentes, mas exige mais atenção quando se trata de atividades que acontecem apenas uma vez, como onboarding e implementação.

Isso ocorre porque você precisa suavizar esse tempo para todos os seus clientes. Veja como funcionam os pontos de contato únicos.

CALCULANDO PONTOS DE CONTATO ÚNICOS COM O CLIENTE
Reunião inicial (2 horas x 5 novos clientes/mês)facilitada para todos os clientes0,13
Chamada de descoberta (4 horas x 5 novos clientes/mês)simplificada para todos os clientes0,25
Sessões de treinamento (2 horas x 5 novos clientes/mês)simplificadas para todos os clientes0,13
Horas por cliente para pontos de contato únicos0,51

Consolidando a carga de trabalho do CSM

Distribuir os horários dos pontos de contato únicos entre todos os clientes atribuídos a um CSM torna os horários consistentes entre os pontos de contato regulares e as atividades únicas, o que permite adicioná-los. 

Para o exemplo mostrado na tabela acima, assumimos 80 clientes por CSM e 5 novos clientes por mês.

Para calcular seus pontos de contato únicos, comece identificando quanto tempo leva mensalmente para entregar cada ponto de contato único. Em seguida, pegue esse valor e divida pelo número total de clientes do segmento.

E não se desespere, não é necessário incluir casos extremos, inclua apenas seus principais pontos de contato.

Depois de calcular seus pontos de contato regulares e únicos, você estará pronto para realizar sua análise ascendente.

Análise bottom-up: clientes por CSM

ANÁLISE BOTTON-UP PARA CLIENTES POR CSM
Horas mensais por cliente para atividades regulares2,36
Horas mensais por cliente para atividades únicas(distribuídas entre todos os clientes)0,51
Horas mensais por entrada de cliente (1 hora por dia x 20 dias por mês/80 clientes)0,25
Total de horas por cliente por mês3.12
Total de horas disponíveis por CSM por mês120
Clientes por CSM38

A abordagem bottom-up começa pela realidade do trabalho dos CSMs. A partir do tempo dedicado às atividades recorrentes, às demandas pontuais e às solicitações que chegam no dia a dia, calcula-se o volume mensal de horas necessário por cliente. 

Esse total é então comparado com as horas de trabalho efetivamente disponíveis de um CSM, já considerando o tempo gasto com rotinas internas. No exemplo apresentado, essa análise resulta em uma média de cerca de 38 clientes por profissional, um número bem menor do que os 80 sugeridos pela conta top-down baseada em benchmark. 

Essa diferença indica o momento de levar a discussão ao time financeiro, avaliando ajustes e compensações possíveis. Com esse nível de detalhamento, a empresa passa a ter uma base mais concreta para estruturar o orçamento de Customer Success.

Como construir um orçamento de sucesso do cliente para número de funcionários

Para criar seu orçamento de sucesso do cliente, você precisará dos seguintes dados:

  • Proporção cliente/CSM
    • Por segmento
  • Plano de vendas
    • Número de novos clientes por mês; ou
    • Receita por mês e tamanho médio do negócio
  • Plano de rotatividade
    • Churn esperado por mês
    • Sazonalidade em sua base de clientes
  • Custo de pessoal totalmente carregado
    • Salário e variável
    • Custo dos benefícios
  • Cronograma de integração
    • Tempo de aceleração do CSM (para conquistar clientes)

Depois de ter seus dados, construir seu orçamento simplesmente se torna um problema matemático. A boa notícia é que você já fez a parte mais difícil que é calcular seus índices.

Projeção mensal de capacidade e contratações

Para começar a construção do seu orçamento, você precisa resolver a seguinte equação para cada mês:

Contagem de clientes atuais + novos clientes projetados de vendas – clientes cancelados projetados = contagem de novos clientes para o mês seguinte

Repita este cálculo para cada mês durante todo o ano.

EXEMPLO DE PROJEÇÃO ANUAL PARA NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS DE SUCESSO DO CLIENTE
JaneiroFevereiroMarcharOutubronovembrodezembro
Contagem atual de clientes720754787104310951146
Novos clientes projetados404040606060
Clientes cancelados projetados-6-6-7-8-9-9
CSM hoje9910131415
CSMs integradosnecessários010010
Necessidades de contratação100100
Orçamento de pessoal101010141515

Em seguida, é necessário verificar quantos CSMs você tem hoje e compará-los com os dados de capacidade previstos. Quantos CSMs você precisa? O que isso significa em termos de suas necessidades de contratação?

Após isso, leve em consideração o tempo de aceleração do CSM para voltar à data de contratação. Afinal você deseja ter seus novos CSMs totalmente treinados e prontos para atender os clientes quando sua equipe de vendas estiver fechando negócios.

A vantagem de usar esse modelo é que quando as vendas não cumprem suas projeções – seja porque entregam em excesso ou insuficiente – ou quando sua rotatividade flutua, você pode inserir os dados reais à medida que avança ao longo do ano. Você pode então limitar sua contratação com base no orçamento e nos números reais de vendas.

Práticas e lições de orçamento para sucesso do cliente

Veja algumas de suas melhores práticas e lições para o orçamento de sucesso do cliente. 

Melhores Práticas

1. Crie uma relação cliente/CSM para cada segmento.

Não existem dois segmentos de clientes iguais. Por isso não faça com que o mesmo CSM cubra vários segmentos. O CSM irá inevitavelmente misturar as jornadas, o que resultará em uma jornada muito lamacenta e entregue de forma inconsistente.

2. Faça com que sua equipe financeira aprove sua proporção de cliente por CSM antes de fazer o orçamento.

Antes de construir seu orçamento com base no índice, revise-o com sua equipe financeira. Você não pode presumir que, por ter seguido o modelo, sua equipe financeira o aprovará. Novamente, você precisa ter essa conversa de troca.

3. Elabore seu orçamento antes que seja solicitado.

Se o ano fiscal da sua empresa estiver alinhado com o ano civil, você não deve esperar até janeiro para começar a construir seu orçamento. Em outubro, você terá dados suficientes para começar a modelar suas finanças para o próximo ano. 

Afinal você não quer ser o último departamento a enviar as solicitações de orçamento e depois alguém lhe dizer que não sobrou o suficiente, não é? Então comece cedo.

Lições sobre orçamento de CS

1. Nunca há financiamento suficiente para todos

Muitas vezes podemos achar que o trabalho da equipe financeira é garantir que haja dinheiro suficiente para toda a empresa. 

Mas na verdade o objetivo do trabalho da equipe financeira é garantir que haja dinheiro suficiente para coisas importantes, e como líder de sucesso do cliente, você precisa fazer com que sua equipe financeira veja o que você faz como importante.

2. As equipes financeiras não gostam de surpresas

Se você vai até sua equipe financeira e pede algo inesperado, inevitavelmente isso será visto como uma surpresa. É comum que eles vejam você como alguém que está improvisando, e não com um planejamento em mãos.

Então para melhorar as previsões, projete com precisão as necessidades de pessoal, para aumentar e diminuir as previsões conforme necessário.

3. Excel é a linguagem das finanças

Aprender a falar a linguagem funcional de outros departamentos é fundamental para construir relacionamentos sólidos entre departamentos.

Apresente seu modelo de negócios em um formato que dê à sua equipe financeira flexibilidade para brincar com os números. Quanto mais confortáveis ​​as finanças estiverem com seus números, mais confiantes eles estarão na tomada de decisões com base neles.

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Obtenha o número de funcionários de sucesso do cliente que você precisa sem dor de cabeça

Quando você está com falta de pessoal e o trabalho continua se acumulando, a última coisa que você quer é gastar seu já escasso tempo implorando por mais funcionários. 

Por isso ao usar as estratégias de planejamento e orçamento de capacidade de sucesso do cliente compartilhadas neste artigo, você transforma seus apelos emocionais em dados imparciais. Sua posição passa a ser baseada em fatos, não em opiniões e você não pode argumentar com os fatos.

Se você quer avançar nesse caminho, vale dar o próximo passo na sua jornada e conhecer como a CS Academy pode apoiar o desenvolvimento da sua carreira e a evolução da experiência do cliente. Os nossos conteúdos são práticos, aplicáveis ao dia a dia e construídos a partir da vivência de profissionais que atuam na linha de frente do mercado.

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